quarta-feira, 14 de novembro de 2012


Os livros não apontam caminhos, mas insistem ficar. Como então abandonar o livro para entrar por inteiro no corpo? Invejamos o corpo alheio, porém cada um tem o seu. Eu despiria minha língua para mergulhá-la na água gelada te chamaria para um encontro onde o corpo se torna transparente onde a lucidez pertence ao mundo da carne onde nada se vende tudo se dá. Inventaria palavras malcriadas para pregar na sua boca mostrar a cor verdadeira do sangue. O amor nu e cru é um viver de novo. Mas não deitará tinta no papel para guardar um pensamento sequer. Desconfie do calor que emana da página em branco. Tudo permanecerá ainda a ser dito desde que não digamos nada. Acima de tudo não tenha medo de se sujar. O amor purifica o corpo das perfeições.

[Scatálogo. In: Je Nathanaël.]