domingo, 30 de maio de 2010

por aí aka
palavras de um tarado pós-coito

"como é bonita a bunda, essa bela parelha de ancas. uma pena usar essa obra-prima pra se sentar."

daqui.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

o mundo automático aka
cada borrifo é um flash aka
pssssssfffffffffft

a nova aquisição do lar é um daqueles disparadores automáticos pra fragrâncias campestres ou venenos. eu, que acredito que espirrar um cheirinho no banheiro que fica até turvo depois daquela cagada magistral é igual a cagar num pé de jasmim, uso na função veneno.

o trocinho fica no meu quarto-escritório, na prateleira de cima da porta, junto com a coleção de bonecos do he-man que mal param em pé por conta de uma infância frenética (não a minha, no caso) que gastou o elástico das pernas de quase todos os personagens.

a lógica é bem simples: de quinze em quinze minutos ele espirra o conteúdo de um frasco aerosol reduzido em comparação com o tamanho normal desse tipo de frasco, mas que o pessoal da sbp garante durar meses. a ver.

tudo isso pra matar os pernilongos que moram embaixo da mesa do computador e, de tempos em tempos, passam com a minha perna na boca, uma selvageria.

acontece que a borrifada -- pssssssfffffffffft -- tem mais ou menos o mesmo efeito do BAH em alto e bom som dos gaúchos no café da manhã, já que eles trabalham com uma noção de volume um pouco mais alta do que estou acostumado.

ou seja, a cada quinze minutos eu e o gato quase temos um derrame. pssssssfffffffffft.
notas jornalísticas aka
lendo a folha de segunda

lendo o jornal atrasado da última segunda, algumas coisas a dizer:

1.

apesar de gostar bastante dele e às vezes perceber que ele é meio babaca em alguns pontos que me incomodam (como todo mundo), o ruy castro foi de uma sutileza ímpar no editorial:

"Outro aferidor seguro [do clima de uma favela] são as crianças. Nas comunidades em guerra, as crianças se mostram pouco, e as que aparecem, amadurecidas a pulso, olham duro para os de fora. Suas brincadeiras são condicionadas pelas facções em luta, que demarcam os territórios e, quando abrem fogo entre si, não ligam para inocentes na linha de tiro. Ou pelas milícias, que também não sabem usar talher de peixe.

espero conseguir usar "talher de peixe" em breve de alguma maneira.

2.

na capa, lulinha dá o ar da graça:

"Em entrevista ao jornal espanhol El País, o presidente Lula se definiu como 'multi-ideológico'. 'Um chefe de Estado é uma instituição, não tem vontade própria todo santo dia, mas tem que levar a cabo os acordos que sejam possíveis.

Para ele, que não vê chance de perder a eleição, haverá continuidade. 'Ganhe quem ganhar, ninguém fará nenhum disparate'.'"

mas, cara pálida, seus oito anos não foram também, de certa forma, continuidade do fhc em alguns aspectos?

enfim, com essa dupla maravilhosa de candidatos à presidência, sinto que o brasil tem sérias chances de ganhar a copa, como manda a lógica da rita lee.

3.

no dinheiro tem uma matéria interessante sobre baixar de nível financeiro (questão que o coutinho também aborda na coluna da ilustrada de terça). eu, financeiramente neurótico, achei curiosa essa matéria dos pobres envergonhados, tenta dar uma olhada.

4.

o pondé é outro que costuma ser muito mais babaca que a média, o que me irrita. muito provavelmente por eu ter essas ganas de onipotência disfarçadas, o que me traz o sério risco de envelhecer babaca igual ele. mas às vezes (beeeem às vezes) ele acerta em cheio. esta última coluna foi uma dessas vezes.

5.

e, por último, meio insone na noite de segunda-feira da semana passada, resolvi ler os jornais e fiquei in-con-for-ma-do com uma crítica feita no folhateen (caham) sobre o último livro do fabrício corsaletti, esquimó. e louco como convém às madrugadas, acabei mandando um e-mail pro jornal reclamando, coisa que já nem me lembrava mais. abri o jornal de segunda e estava eu.

acho coisa de velha ranzinza, mas é engraçado o jogo de vaidade do "painel do leitor". supostamente é o jornal sendo democrático e te dando voz, o que faz as pessoas se sentirem importantes e amadas (que é só o que nêgo quer, afinal). tudo isso num espaço ínfimo que 99,9% das pessoas ignoram solenemente.

enfim, o corsaletti já me ganha (eu sou fácil) dizendo que "algumas professoras da usp seriam menos amargas se tivessem o seu nome". e isso também é um argumento raso da minha parte, heh, mas claro que não é só isso.

#

reparou como eu chamo os colunistas pelo sobrenome? amicíssimos.

pronto, encerrada minha conferência de meias verdades.
perdendo a virgindade aka
meu primeiro sutiã

estava eu passando por debaixo daqueles viadutos da nove de julho, mais especificamente naquele em que antes havia uma academia de boxe improvisada pros menos favorecidos que quisessem usufruir dela quando, de repente... pá!

passou uma pomba voando no alto daquela passagem insalubre e meio esquisita, numa imagem que, acredite se quiser, ficou bonita na minha cabeça junto com os pixos e as grades que delimitam a ex-academia.

e foi esse meu primeiro déjà vu desde que comecei a estudar francês. seja lá o que isso possa significar.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

a life less ordinary aka
teclado novo com barra inacessível = menos títulos

engraçado que esses dias eu ando com um fôlego bom. leve, até. repare: leve vírgula até, e não leve até. porque o drama e o desespero inerentes não permitem que se seja (eu, pelo menos) leve pacas.

o motivo é sabido. passaram-se dez dias e eu estou praticamente a ver navios profissionais. o "mercado" em que eu supostamente me insiro está um pouco desaquecido. ou pelo menos os clientes pra quem eu presto serviço com meus dedos e cérebro há alguns meses não estão tão precisados dos meus préstimos como eles mesmos me fizeram acreditar nos últimos meses. não é o fim do mundo, pelo menos não quando a neurose se afasta e a moça obcecada que mora dentro de mim dá uma trégua, ou quando já se tem algo arquitetado que vai salvar os próximos meses.

coisa de gente grande ou de puta falar assim, de clientes? no meu caso, nem um nem outro. é só o que é mesmo, sem a pecha de trabalhador de vida super movimentada e várias reuniões e bocas profissionais a alimentar e zelar. sem essa supervalorização do cliente, até porque não sou bem eu quem lido com eles, graças à inaptidão para a extroversão.

enfim, isso significa que eu, com um pezinho no workaholic e, ao mesmo tempo, filosoficamente avesso a isso (apesar da ganância prevalecer), estou com algum tempo. e algum, em terra de nenhum, é um verdadeiro luxo. ou, pra ser mais honesto, tal e qual um trabalhador da indústria que só faz apertar parafusos e, depois de trinta anos de serviço, se aposenta com a cabeça também parafusada e descobre que não sabe preencher seu tempo, aquele que sempre foi tão reclamado.

três horas, por exemplo, em que se enche de uma esperança de poder fazer tudo e, no afã da organização e da onipotência, acabar fazendo nada. não sei. pode parecer pueril, pode parecer desavisado, pode parecer até mesmo deslumbrado. mas nessas circunstâncias bem medianas, acaba tendo mais ou menos o mesmo efeito de viagens solitárias por países desconhecidos, aquelas em que, puro clichê, as pessoas se descobrem. o máximo da mediocrização trabalhística, que acaba estragando até o maior dos chavões do romantismo que a gente carrega, queira ou não.

isso não poderia ser mais incongruente: como é que pode vender seu tempo pra funcionar como mão de obra remunerada, se você mesmo não conhece bem o tal? mas pior mesmo é questionar, questionar, questionar e permanecer no status quo. percebe que bosta?

[desculpa aí, mas acontece que eu adoro ficar tendo essas discussões de luta de classe, apesar de morrer de preguiça de certos vieses mais óbvios a que normalmente se chega]