segunda-feira, 16 de maio de 2011

com a palavra, o pianista austríaco aka
a eterna ignorância

je n'ai jamais aimé les livres. chaque fois qu'on les ouvre, on s'attend à quelque révélation surprenante, mais chaque fois qu'on les ferme, on se sent plus découragé. d'ailleurs, il faudrait tout lire, et la vie n'y suffirait pas. mais les livres ne contiennent pas la vie; il n'en contiennent que la cendre; c'est là, je suppose, ce qu'on nomme l'expérience humaine.

ou, em (quase) bom português:

eu nunca gostei dos livros. a cada vez que os abrimos, esperamos por alguma revelação surpreendente, mas a cada vez que os fechamos, nos sentimos um pouco mais desencorajados. além disso, seria necessário ler tudo, e uma vida não bastaria para tanto. mas os livros não contêm a vida; eles contêm apenas suas cinzas; e é isso, imagino eu, o que chamamos de experiência humana.

marguerite yourcenar, "alexis ou le traité du vain combat", p. 41 (folio)

Um comentário:

Daniel disse...

Às vezes, penso na cacetada de sentimentos refinados a que nunca teremos acesso (eu, por exemplo, tô na era do bronze nesse quesito) e na porrada de coisas indizíveis que faz cada geração começar do zero, virar um bando de primatas, sem ter gigantes pra subir nos ombros.

Engraçado que os sentimentos mais infantis, que te condicionam, não são ditos e a gente se apressa em camuflá-los em outras porcarias medíocres, tipo ciúme, inveja, egoísmo. Eu tenho uma porra de sentimento que vinha casado com meu primeiro pesadelo onde minha mãe era o "monstro". Ele surge se eu deixar as merdas emergirem numa boa, mas, como não encontra palavras na superfície, desce de novo.