brainstorm
a última moda entre o pessoal criativo é a tal chuva de cérebros. caham.
um monte de gente junto, acreditando que idéias forçadas durante trinta minutos serão brilhantes - ok, o aspecto colaborativo dessas reuniões é engrandecedor, mas calma lá...
esquecem às vezes que tem gente que tem nada além de titica na cabeça. e a chuva de cérebros se torna nada mais que uma grande e bela chuva de merda. uma salva de palmas!
quarta-feira, 19 de dezembro de 2007
segunda-feira, 26 de novembro de 2007
segunda-feira, 13 de agosto de 2007
é tudo verdade aka
eu devo ter limpado a bunda com o santo sudário aka
boa viagem!
engraçada a sorte imensa que eu tenho. desta vez foi no ônibus, na minha viagem de quatro horas rumo ao dia dos pais. eu, como sempre, sou o mala que senta no fundo e, geralmente, o único a ficar com as luzes acesas, pondo minhas leituras em dia. nada de grandes mestres russos, medalhões da literatura... só o jornal mesmo, que eu geralmente não dou conta no dia-a-dia. e comprei minha poltrona lá no fundo, sempre a última (não, não fico fedendo a banheiro de ônibus).
eis que, desta vez, não bastando ter conseguido só um lugar no corredor, tive a imensa sorte de ter perdido os dois últimos lugares, aqueles que são propositalmente vagos, pra um casal mais rápido do que eu. e quando cheguei no meu lugar, qual não foi a minha surpresa a me deparar com dois pares de poltrona frente a frente, com um espaço ridículo pras pernas, provavelmente supondo que metade dos ocupantes não tinha membros inferiores, tão desumano que era.
metade da viagem fui sozinho em quatro lugares, pernas esticadas, suplemento de esportes de um lado, mochila de outro... me refestelei com tanto espaço e com quatro luzinhas fracas mirando minha leitura. e o casal de dois rapazes cheios de amor pra trocar entre si estava igualmente se refestelando. o môr e o môr. um deles se chamava peterson. e eles se amavam - ou pelo menos acreditavam que sim. eram beijos estalados e barulhos de língua e aquela falação que não tem fim. isso sem mencionar os joelhos que, no enroscar desesperado de pernas, "massageavam gentilmente" as minhas costas. e como se isso fosse pouco, eles traziam cervejas pra deixar a viagem mais... descontraída.
eu, que já tive lá minhas peripécias, esperava mas preferi ignorar. até o momento em que a coisa se tornou meio... gritante. toda a sonoplastia de um boquete denunciava a atividade não-ortodoxa de sucção que eles desempenhavam ali, nas minhas costas e às minhas custas - fosse eu mais indiscreto, teria atrapalhado toda a performance. pois bem, gemidinhas, aquele barulho peculiar... muito amor pra dar. e como eles não se arriscaram a um meia-nove em pleno ônibus, a atividade se repetiu, obviamente, cada um tem a sua vez. o bom-samaritano aqui, claro, foi ao banheiro duas vezes, pra ver se estragava um pouco a diversão. pffff. eles ainda me olhavam cínicos, no melhor estilo "ele está com a cabeça no meu colo, minha braguilha está aberta, você está ouvindo tudo o que está ouvindo, mas isto não é o que você está pensando". ahã, sei. ainda tive que ouvir que o beijo agora estava com gosto de porra, além de uma discussão acalorada sobre quantos andares tinha o shopping iguatemi.
a alegria, que já era pouca, era vidro e se quebrou: no meio do caminho entraram indivíduos que, obviamente, sentaram-se à minha frente. todos nós ali, compartilhando joelhos e uma felicidade inenarrável. o senhor que se sentou à minha frente, como não podia deixar de ser, parecia avô da ana hickman, visto que os joelhos semi-flexionados quase atingiam as nossas testas. sim, nossas. porque, àquela altura do campeonato, tínhamos obrigatoriamente nos tornado um só naquele imbróglio. yin, yang... não fazia mesmo muita diferença.
uma hora depois disso, já estávamos todos "adaptados" e o velho, de discrição galesa, dormia contente: não se mexia muito e ainda respirava de uma maneira semi-notável, o que nos permitia constatar que ele ainda estava vivo. o casal continuava agudíssimo atrás, contando como saíram do armário, narrando façanhas e falácias sexuais, discutindo relacionamento e recebendo um "shhh" a cada três minutos. foi quando o rapaz moderninho que estava igualmente de frente pra mim, ao lado do senhor, fez um rolinho com uma nota de não-identificados alguns reais. pensei comigo: não, ele não é um cocainômano.
devo confessar que sempre quis usar "cocainômano" de alguma maneira, acho uma palavra incrivelmente sonora, forte. mas, até então, nunca tinha tido uma oportunidade que coubesse. e à minha diagonal esquerda estava o rapaz, cocainômano (finalmente!), fazendo suas funções nasais bem ali, ao lado do avô da ana hickman. uma fungada, duas fungadas e... olhou pra frente. me pegou pegando-o no flagra. não se fez de rogado e lá foi noutra fungada, virou-se pra mim de olhos arregalados e fingiu que nada estava acontecendo - estávamos mesmo no studio 54 (e nesse momento eu me olhei bem pra ver se eu, repentinamente, não estava usando um shortinho dourado).
donde se conclui que quando a moça me informou o número da mesma plataforma de sempre e me desejou boa viagem, ela só pode ter sido muito, mas muito cínica.
eu devo ter limpado a bunda com o santo sudário aka
boa viagem!
engraçada a sorte imensa que eu tenho. desta vez foi no ônibus, na minha viagem de quatro horas rumo ao dia dos pais. eu, como sempre, sou o mala que senta no fundo e, geralmente, o único a ficar com as luzes acesas, pondo minhas leituras em dia. nada de grandes mestres russos, medalhões da literatura... só o jornal mesmo, que eu geralmente não dou conta no dia-a-dia. e comprei minha poltrona lá no fundo, sempre a última (não, não fico fedendo a banheiro de ônibus).
eis que, desta vez, não bastando ter conseguido só um lugar no corredor, tive a imensa sorte de ter perdido os dois últimos lugares, aqueles que são propositalmente vagos, pra um casal mais rápido do que eu. e quando cheguei no meu lugar, qual não foi a minha surpresa a me deparar com dois pares de poltrona frente a frente, com um espaço ridículo pras pernas, provavelmente supondo que metade dos ocupantes não tinha membros inferiores, tão desumano que era.
metade da viagem fui sozinho em quatro lugares, pernas esticadas, suplemento de esportes de um lado, mochila de outro... me refestelei com tanto espaço e com quatro luzinhas fracas mirando minha leitura. e o casal de dois rapazes cheios de amor pra trocar entre si estava igualmente se refestelando. o môr e o môr. um deles se chamava peterson. e eles se amavam - ou pelo menos acreditavam que sim. eram beijos estalados e barulhos de língua e aquela falação que não tem fim. isso sem mencionar os joelhos que, no enroscar desesperado de pernas, "massageavam gentilmente" as minhas costas. e como se isso fosse pouco, eles traziam cervejas pra deixar a viagem mais... descontraída.
eu, que já tive lá minhas peripécias, esperava mas preferi ignorar. até o momento em que a coisa se tornou meio... gritante. toda a sonoplastia de um boquete denunciava a atividade não-ortodoxa de sucção que eles desempenhavam ali, nas minhas costas e às minhas custas - fosse eu mais indiscreto, teria atrapalhado toda a performance. pois bem, gemidinhas, aquele barulho peculiar... muito amor pra dar. e como eles não se arriscaram a um meia-nove em pleno ônibus, a atividade se repetiu, obviamente, cada um tem a sua vez. o bom-samaritano aqui, claro, foi ao banheiro duas vezes, pra ver se estragava um pouco a diversão. pffff. eles ainda me olhavam cínicos, no melhor estilo "ele está com a cabeça no meu colo, minha braguilha está aberta, você está ouvindo tudo o que está ouvindo, mas isto não é o que você está pensando". ahã, sei. ainda tive que ouvir que o beijo agora estava com gosto de porra, além de uma discussão acalorada sobre quantos andares tinha o shopping iguatemi.
a alegria, que já era pouca, era vidro e se quebrou: no meio do caminho entraram indivíduos que, obviamente, sentaram-se à minha frente. todos nós ali, compartilhando joelhos e uma felicidade inenarrável. o senhor que se sentou à minha frente, como não podia deixar de ser, parecia avô da ana hickman, visto que os joelhos semi-flexionados quase atingiam as nossas testas. sim, nossas. porque, àquela altura do campeonato, tínhamos obrigatoriamente nos tornado um só naquele imbróglio. yin, yang... não fazia mesmo muita diferença.
uma hora depois disso, já estávamos todos "adaptados" e o velho, de discrição galesa, dormia contente: não se mexia muito e ainda respirava de uma maneira semi-notável, o que nos permitia constatar que ele ainda estava vivo. o casal continuava agudíssimo atrás, contando como saíram do armário, narrando façanhas e falácias sexuais, discutindo relacionamento e recebendo um "shhh" a cada três minutos. foi quando o rapaz moderninho que estava igualmente de frente pra mim, ao lado do senhor, fez um rolinho com uma nota de não-identificados alguns reais. pensei comigo: não, ele não é um cocainômano.
devo confessar que sempre quis usar "cocainômano" de alguma maneira, acho uma palavra incrivelmente sonora, forte. mas, até então, nunca tinha tido uma oportunidade que coubesse. e à minha diagonal esquerda estava o rapaz, cocainômano (finalmente!), fazendo suas funções nasais bem ali, ao lado do avô da ana hickman. uma fungada, duas fungadas e... olhou pra frente. me pegou pegando-o no flagra. não se fez de rogado e lá foi noutra fungada, virou-se pra mim de olhos arregalados e fingiu que nada estava acontecendo - estávamos mesmo no studio 54 (e nesse momento eu me olhei bem pra ver se eu, repentinamente, não estava usando um shortinho dourado).
donde se conclui que quando a moça me informou o número da mesma plataforma de sempre e me desejou boa viagem, ela só pode ter sido muito, mas muito cínica.
terça-feira, 26 de junho de 2007
confissões de um motorista frustrado aka
i say hey, what's going on?
e aí que esse período da nata é só uma contextualização. jamais desconsiderando a magnitude dos pasteizinhos de nata, longe disso. é que nessa época, talvez por uma conjunção astral favorável ou qualquer algo que o valha (os pasteizinhos?), éramos mais próximos da parte rica da família. rica é modo de dizer - eles são muito ricos. tanto que aqui caberia até sublinhar o "muito".
felizmente deus é justo e as pessoas não têm tudo num só pacote, salvo raras exceções. esses integrantes da família não fogem à regra e são, muitos deles (pra ser sutil e não dizer "todos"), bastante feios. e como convém aos feios e ricos - preta gil expoente máximo dessa vertente - são divertidos, bem-humorados e despreocupados.
a mais velha desse núcleo particular a que me refiro e que você finge que sabe qual é, é a simone. hoje casada e mãe de crianças simpáticas que têm festas suntuosas pra celebrar seus poucos anos e a feiúra que ainda não veio. a simone sempre foi espalhafatosa. ria alto, falava alto, era desbocada, engraçada... um modelo de gente mais velha que entretém. com uma boca imensa, milhares de dentes e uma voz meio grave.
nesse período do vínculos, virava e mexia eles apareciam em casa, que era numa cidade a pouco menos de uma hora de onde eles moravam (hoje, morando a poucos minutos de distância, isso já não acontece). e como convém aos ricos que simplesmente aproveitam, cada vez aparecia um carro mais novo, mais desejável e mais emperequetado. qual não foi minha surpresa, aos seis anos de idade (chute meu), ao procurar e não encontrar o carro específico (um corcel, se não me engano) com minha mãe dentro. um pânico momentâneo tomou conta, mas, de repente, anuncia-se a simone, indo buscar os primos na escola, em um carro obviamente novo e (!!!) com teto solar.
[vale aqui avisar uma coisa: no começo da década de noventa, um carro com teto solar era o cúmulo da diversão e do "très chic". pelo menos na porção de interior onde eu morava.]
eu, naquele momento, alçado à posição de criança rica e junto ao meu irmão, entrei no carro provavelmente cheio de mim mesmo, impressionável, provavelmente a ponto de derramar uma lágrima de deslumbre. mas mal imaginava que o melhor ainda estava por vir...
eu e meu irmão, como é de se esperar, estávamos quase nos espancando na disputa pelo vento (desconfortável) na cara que o teto solar proporciona e alternávamos as cabeças no vento desnecessário que se apresentava como o supra-sumo do cool. foi nesse momento que a simone aumentou o som do rádio quando tocava "what's up", do 4 non blondes. não lembra? é aquela música do "and i say hey-ey e-he-hey he-ye-hey" que foi uma febre a seu tempo. se não identificar depois dessa, eu posso me considerar oficialmente péssimo em onomatopéias.
pois bem, a simone não hesitou e começou a dramatizar a música, cantando num inglês errado que eu não distinguia àquele tempo e sofrendo com a canção. balançando os cabelos, gritando, abrindo uma bocarra... uma loucura. aquilo ficou gravado na minha memória a ponto de, até hoje, morrer de vontade de dirigir pra cantar gritando e sendo aparentemente feliz, como naquele dia de vento na cara e linda perry em voga.
hoje, com uma flagrante pitada de amargura a mais e beirando os vinte anos de idade, eu ainda não sei dirigir. mas morro de vontade de fazê-lo com o som bem alto, gritando felicíssimo, parado na rebouças e eventualmente disparar um "a seta você enfia no cu, seu filhodaputa!" para algum desavisado. e juro que, no meu primeiro momento oficial de motorista, vai tocar "what's up". quem viver, verá.
i say hey, what's going on?
e aí que esse período da nata é só uma contextualização. jamais desconsiderando a magnitude dos pasteizinhos de nata, longe disso. é que nessa época, talvez por uma conjunção astral favorável ou qualquer algo que o valha (os pasteizinhos?), éramos mais próximos da parte rica da família. rica é modo de dizer - eles são muito ricos. tanto que aqui caberia até sublinhar o "muito".
felizmente deus é justo e as pessoas não têm tudo num só pacote, salvo raras exceções. esses integrantes da família não fogem à regra e são, muitos deles (pra ser sutil e não dizer "todos"), bastante feios. e como convém aos feios e ricos - preta gil expoente máximo dessa vertente - são divertidos, bem-humorados e despreocupados.
a mais velha desse núcleo particular a que me refiro e que você finge que sabe qual é, é a simone. hoje casada e mãe de crianças simpáticas que têm festas suntuosas pra celebrar seus poucos anos e a feiúra que ainda não veio. a simone sempre foi espalhafatosa. ria alto, falava alto, era desbocada, engraçada... um modelo de gente mais velha que entretém. com uma boca imensa, milhares de dentes e uma voz meio grave.
nesse período do vínculos, virava e mexia eles apareciam em casa, que era numa cidade a pouco menos de uma hora de onde eles moravam (hoje, morando a poucos minutos de distância, isso já não acontece). e como convém aos ricos que simplesmente aproveitam, cada vez aparecia um carro mais novo, mais desejável e mais emperequetado. qual não foi minha surpresa, aos seis anos de idade (chute meu), ao procurar e não encontrar o carro específico (um corcel, se não me engano) com minha mãe dentro. um pânico momentâneo tomou conta, mas, de repente, anuncia-se a simone, indo buscar os primos na escola, em um carro obviamente novo e (!!!) com teto solar.
[vale aqui avisar uma coisa: no começo da década de noventa, um carro com teto solar era o cúmulo da diversão e do "très chic". pelo menos na porção de interior onde eu morava.]
eu, naquele momento, alçado à posição de criança rica e junto ao meu irmão, entrei no carro provavelmente cheio de mim mesmo, impressionável, provavelmente a ponto de derramar uma lágrima de deslumbre. mas mal imaginava que o melhor ainda estava por vir...
eu e meu irmão, como é de se esperar, estávamos quase nos espancando na disputa pelo vento (desconfortável) na cara que o teto solar proporciona e alternávamos as cabeças no vento desnecessário que se apresentava como o supra-sumo do cool. foi nesse momento que a simone aumentou o som do rádio quando tocava "what's up", do 4 non blondes. não lembra? é aquela música do "and i say hey-ey e-he-hey he-ye-hey" que foi uma febre a seu tempo. se não identificar depois dessa, eu posso me considerar oficialmente péssimo em onomatopéias.
pois bem, a simone não hesitou e começou a dramatizar a música, cantando num inglês errado que eu não distinguia àquele tempo e sofrendo com a canção. balançando os cabelos, gritando, abrindo uma bocarra... uma loucura. aquilo ficou gravado na minha memória a ponto de, até hoje, morrer de vontade de dirigir pra cantar gritando e sendo aparentemente feliz, como naquele dia de vento na cara e linda perry em voga.
hoje, com uma flagrante pitada de amargura a mais e beirando os vinte anos de idade, eu ainda não sei dirigir. mas morro de vontade de fazê-lo com o som bem alto, gritando felicíssimo, parado na rebouças e eventualmente disparar um "a seta você enfia no cu, seu filhodaputa!" para algum desavisado. e juro que, no meu primeiro momento oficial de motorista, vai tocar "what's up". quem viver, verá.
sexta-feira, 22 de junho de 2007
coágulos de gordura
mamãe fazia pastéis de nata. na verdade, não eram exatamente pastéis, e sim pasteizinhos - um diminutivo cuja grafia me intriga um pouco e eu, como bom recalcado, evito-o. mas eram versões miniaturas de pastéis, assados e meticulosamente molhadinhos ao acaso, o mesmo cuidado descuidado dispensado aos cabelos de hoje em dia.
pois bem, ela fazia esses pastéis impagáveis. e o freezer era, então, como se fosse o backstage de um laticínio: muita nata. aquela mesma nata que me faz dizer impropérios quando aparece desavisada no meio do leite. e as pessoas reuniam suas respectivas natas em copinhos, copões e potinhos de toda sorte e levavam felizes lá pra dona mônica, felizes e obviamente esperando ganhar alguma rebarba do produto final daquela matéria indigna.
eram amontoados e mais amontoados daqueles coágulos de gordura de leite, uma loucura. e o pior: leite de todo mundo que fazia parte desse círculo de troca de nata. tudo fruto daquele tempo em que as pessoas ferviam litros de leite e a nata era parte do dia-a-dia de todo mundo. não haviam vacas desnatadas, semi-desnatadas, light, com ômega 3, vacas de soja, vacas de cabra ou qualquer outro modelo desses que há hoje em dia. desconfio, do alto do meu comentário impertinente, que a nata seja culpa do saquinho (mas isso é porque eu tomo leite desnatado, fresco que sou).
[continua]
mamãe fazia pastéis de nata. na verdade, não eram exatamente pastéis, e sim pasteizinhos - um diminutivo cuja grafia me intriga um pouco e eu, como bom recalcado, evito-o. mas eram versões miniaturas de pastéis, assados e meticulosamente molhadinhos ao acaso, o mesmo cuidado descuidado dispensado aos cabelos de hoje em dia.
pois bem, ela fazia esses pastéis impagáveis. e o freezer era, então, como se fosse o backstage de um laticínio: muita nata. aquela mesma nata que me faz dizer impropérios quando aparece desavisada no meio do leite. e as pessoas reuniam suas respectivas natas em copinhos, copões e potinhos de toda sorte e levavam felizes lá pra dona mônica, felizes e obviamente esperando ganhar alguma rebarba do produto final daquela matéria indigna.
eram amontoados e mais amontoados daqueles coágulos de gordura de leite, uma loucura. e o pior: leite de todo mundo que fazia parte desse círculo de troca de nata. tudo fruto daquele tempo em que as pessoas ferviam litros de leite e a nata era parte do dia-a-dia de todo mundo. não haviam vacas desnatadas, semi-desnatadas, light, com ômega 3, vacas de soja, vacas de cabra ou qualquer outro modelo desses que há hoje em dia. desconfio, do alto do meu comentário impertinente, que a nata seja culpa do saquinho (mas isso é porque eu tomo leite desnatado, fresco que sou).
[continua]
segunda-feira, 19 de março de 2007
Málaga
Chamava-se Málaga. Porque o pai, apaixonado pela Espanha, achou que essa era uma ótima idéia. Assim foi. Mas convenhamos que uma criancinha que mal tem traços, jamais pode ter cara de Málaga. E foi com esse estranhamento que ela veio ao mundo.
Aos oito anos, Málaga comia terra. Mãos e mãos cheias que ela enfiava na boca, cheia de gosto. E ainda fazia chacota de seus coleguinhas que comiam borracha. Málaga, aliás, era a dona da segunda série. Sendo a última da fila por ordem de altura, ela tinha uma série de seguidoras-mirins e estabelecia, do alto de seus um metro e bem pouco, quem eram as infelizes destinadas a bater corda, aquelas que teriam de trabalhar enquanto as outras simplesmente se divertiam pulando às suas custas. Depois de liderar alguns motins, ela foi mudada de escola. Três vezes.
Aos dez detestava o nome. Porque, com tal idade, é difícil se aprofundar em sentimento a ponto de odiar. Mas ela chegou bem perto, perceberia depois. Afinal de contas, um nome cuja corruptela imediata é 'mala' é algo desagradabilíssimo, especialmente na época em que os sutiãs começam a ganhar lugar nas gavetas – a mesma época desagradável em que as mulheres são “muito” maiores em estatura do que os homens.
Quando tinha por volta de doze, sonhava com a Disney. Naquela época, a realidade maquiada era menos infalível e o Mickey tinha zíper nas costas. O Schwarzenegger não era flácido nem governador nem tinha tantas letras duplicadas no nome. Aliás, ela adorava os Estados Unidos e o american way of life. Não havia muito desse desrespeito incutido que, atualmente, muitos nutrem por consenso geral. Viria a pensar, numa dessas retrospectivas que se faz aos vinte-e-sete anos, que, se existissem no seu tempo, moletons Hard Rock ou Planet Hollywood seriam o regozijo da pré-adolescência.
Aos catorze anos, nutrindo sua paixão não-sabida por Humphrey Bogart e ainda conflitante com o nome, decidiu que queria ser uma cidade ou estado norte-americanos: Dakota desistiu aos treze, nome de travesti; Virgínia desistiu aos catorze, nome de vó; Filadélfia desistiu rápido, nem deu tempo; e Carolina - esse último durou até os dezesseis. Também fazia aulas de jazz, com aquela camiseta cinza cortada caindo pelos ombros e a infalível polaina preta, da qual só foi se desfazer dia desses.
Com dezesseis juvenis anos nas costas, Málaga começou a vida sexual. E começou a achar idiota querer mudar o nome, agora que era dona do próprio corpo. Nome é quase uma insignificância, não fosse seu posto de vocativo eterno, pensava ela com outras palavras. De qualquer maneira, alimentava um único pensamento: "Graças ao bom Deus que papai não era perdidamente apaixonado pela Chechênia!". E ria disso sozinha até engasgar.
Aos dezessete jamais repetiria “Graças ao bom Deus”, porque não mais acreditava na tal divindade três-em-um. Começou a ficar maliciosa que só ela e, aos dezoito, toma pra si a alcunha de Malagueta - outrora improvável, não fosse o nome peculiar. E foi nessa fase que Málaga começou a dar e a rimar com ninfeta. Dar sem sentir dó, dar sem sentir dor, dar sem sentir amor, dar sem se envolver, dar sem sentir Deus, dar sem se preocupar com o 'estar dando' - porque isso é pequenice, segundo ela. Só se preocupava com a higiene, sempre primordial.
Aos vinte, sentia o alvorecer da maturidade junto com a completude proporcionada pelas duas décadas fechadas. E o apelido do parágrafo anterior tornara-se seu assunto intocável: era só falar em 'Malagueta' que ela corava até o lóbulo – de ódio, jamais de vergonha, que fique bem claro – e xingava sem pudor. Passou a dar com rigor e fazia suas escolhas a dedo.
Aos vinte e dois enfadou-se disso tudo depois do namorado alto executivo que, ela viria a descobrir depois, fazia joint-venture de sabonete, aquele hábito nojento cultivado por algumas pessoas, que consiste em juntar o restinho dos sabonetes. Era um hábito que punha Málaga doente e que a fez concluir, com ares epifânicos, que o maior deleite feminino é abster-se da preocupação com a depilação. Passou a buscar prazer espiritual e estomacal. Incensos de quarenta centímetros, sobremesas de molhar a calcinha e pêlos nas axilas que a faziam questionar a nova convicção. Isso sem mencionar seus brinquedinhos nada ortodoxos trancafiados na última gaveta da cômoda.
Essa aliança entre Häagen-Dazs e feng-shui durou pouco, claro. Só até os vinte e quatro, idade dita decisiva por alguns. Málaga acordou para si mesma que queria uma namorada mulherzinha, após um sonho lúbrico daqueles de fazer levantar suada e exausta. Queria uma Barcelona pra deixar a piada pronta, mas contentou-se com Marília, nome de cidade do interior mesmo. Amaram-se desesperadas por dois anos. Até o dia em que Málaga, mais uma vez após alguns sonhos esclarecedores, desistiu da idéia de dedos e grelos.
Aos vinte e seis retomou a questão do nome, que tinha ficado quase esquecida nos últimos tempos. Decidiu que Málaga era um bom nome, semi-único. Nome de mulher que usa pulseiras largas de madeira que fazem um barulho engraçado ao andar. E isso fez com que se sentisse cheia de uma personalidade que a preencheu por outros dois anos, anos em que honrou as pernas que o pai, idealizador do nome, havia lhe concedido generosamente através da genética.
Aos vinte e oito entrou em crise quando, sem mais nem menos, olhando pro esmalte que secava demorado nos dedos do pé, percebeu que não tinha feito o seu primeiro milhão antes dos trinta, que já se aproximavam. Leu tudo o que pôde de Balzac e se mexeu pra ganhar dinheiro. De gerente de marketing para a América Latina a idealizadora de arte facial num bufê infantil, Málaga tinha à mão workaholics que gritavam até saltar a veia do pescoço e crianças que pediam de borboletas a ornitorrincos.
Com trinta completos e o milhão ainda distante, mandou Balzac tomar no cu. Dizendo assim mesmo, com a boca cheia e sem pormenores. Viu-se às voltas com o prazer não-sexual (agora cultural), mas também se viu precocemente velha, a ponto de não poder ter o luxo de renunciar ao sexo - postura que, olhando para trás, considerava ridícula de tão hippie. Tendo finalmente conhecido a cidade que leva seu nome (e não o contrário), Málaga tinha quase o mesmo corpo de outros tempos, não fossem os peitos alguns pares de centímetros mais abaixo. E isso a incomodava de uma maneira fora do normal.
Tendo perdido parte da paciência e portando trinta e dois anos de idade, Málaga desistiu. Além da carreira profissional, decidiu seguir secretamente o ofício de adesivo de orelhão. Imprimiu setecentos deles usando todos aqueles nomes que já tinha cogitado na adolescência. Recebia ligações variadas, fazia orçamentos camaradas falando em tom provocativo e agendava horários em locais fictícios. Percebeu que Filadélfia não faz o menor sucesso, sem sombra de dúvida.
Trinta e quatro bateram à porta e Málaga decidiu que precisava porque precisava se casar. E casou. O relógio biológico a encurralou e ela espera, com uma felicidade estranha, uma menina. Pensa em nomeá-la Málaga Júnior, que considera espirituoso até não poder mais, mas acha muita sacanagem. Imagina que se divorciará dentro de dois anos, mas, fazendo uma forcinha, espera agüentar até perto dos quarenta.
Aos oito anos, Málaga comia terra. Mãos e mãos cheias que ela enfiava na boca, cheia de gosto. E ainda fazia chacota de seus coleguinhas que comiam borracha. Málaga, aliás, era a dona da segunda série. Sendo a última da fila por ordem de altura, ela tinha uma série de seguidoras-mirins e estabelecia, do alto de seus um metro e bem pouco, quem eram as infelizes destinadas a bater corda, aquelas que teriam de trabalhar enquanto as outras simplesmente se divertiam pulando às suas custas. Depois de liderar alguns motins, ela foi mudada de escola. Três vezes.
Aos dez detestava o nome. Porque, com tal idade, é difícil se aprofundar em sentimento a ponto de odiar. Mas ela chegou bem perto, perceberia depois. Afinal de contas, um nome cuja corruptela imediata é 'mala' é algo desagradabilíssimo, especialmente na época em que os sutiãs começam a ganhar lugar nas gavetas – a mesma época desagradável em que as mulheres são “muito” maiores em estatura do que os homens.
Quando tinha por volta de doze, sonhava com a Disney. Naquela época, a realidade maquiada era menos infalível e o Mickey tinha zíper nas costas. O Schwarzenegger não era flácido nem governador nem tinha tantas letras duplicadas no nome. Aliás, ela adorava os Estados Unidos e o american way of life. Não havia muito desse desrespeito incutido que, atualmente, muitos nutrem por consenso geral. Viria a pensar, numa dessas retrospectivas que se faz aos vinte-e-sete anos, que, se existissem no seu tempo, moletons Hard Rock ou Planet Hollywood seriam o regozijo da pré-adolescência.
Aos catorze anos, nutrindo sua paixão não-sabida por Humphrey Bogart e ainda conflitante com o nome, decidiu que queria ser uma cidade ou estado norte-americanos: Dakota desistiu aos treze, nome de travesti; Virgínia desistiu aos catorze, nome de vó; Filadélfia desistiu rápido, nem deu tempo; e Carolina - esse último durou até os dezesseis. Também fazia aulas de jazz, com aquela camiseta cinza cortada caindo pelos ombros e a infalível polaina preta, da qual só foi se desfazer dia desses.
Com dezesseis juvenis anos nas costas, Málaga começou a vida sexual. E começou a achar idiota querer mudar o nome, agora que era dona do próprio corpo. Nome é quase uma insignificância, não fosse seu posto de vocativo eterno, pensava ela com outras palavras. De qualquer maneira, alimentava um único pensamento: "Graças ao bom Deus que papai não era perdidamente apaixonado pela Chechênia!". E ria disso sozinha até engasgar.
Aos dezessete jamais repetiria “Graças ao bom Deus”, porque não mais acreditava na tal divindade três-em-um. Começou a ficar maliciosa que só ela e, aos dezoito, toma pra si a alcunha de Malagueta - outrora improvável, não fosse o nome peculiar. E foi nessa fase que Málaga começou a dar e a rimar com ninfeta. Dar sem sentir dó, dar sem sentir dor, dar sem sentir amor, dar sem se envolver, dar sem sentir Deus, dar sem se preocupar com o 'estar dando' - porque isso é pequenice, segundo ela. Só se preocupava com a higiene, sempre primordial.
Aos vinte, sentia o alvorecer da maturidade junto com a completude proporcionada pelas duas décadas fechadas. E o apelido do parágrafo anterior tornara-se seu assunto intocável: era só falar em 'Malagueta' que ela corava até o lóbulo – de ódio, jamais de vergonha, que fique bem claro – e xingava sem pudor. Passou a dar com rigor e fazia suas escolhas a dedo.
Aos vinte e dois enfadou-se disso tudo depois do namorado alto executivo que, ela viria a descobrir depois, fazia joint-venture de sabonete, aquele hábito nojento cultivado por algumas pessoas, que consiste em juntar o restinho dos sabonetes. Era um hábito que punha Málaga doente e que a fez concluir, com ares epifânicos, que o maior deleite feminino é abster-se da preocupação com a depilação. Passou a buscar prazer espiritual e estomacal. Incensos de quarenta centímetros, sobremesas de molhar a calcinha e pêlos nas axilas que a faziam questionar a nova convicção. Isso sem mencionar seus brinquedinhos nada ortodoxos trancafiados na última gaveta da cômoda.
Essa aliança entre Häagen-Dazs e feng-shui durou pouco, claro. Só até os vinte e quatro, idade dita decisiva por alguns. Málaga acordou para si mesma que queria uma namorada mulherzinha, após um sonho lúbrico daqueles de fazer levantar suada e exausta. Queria uma Barcelona pra deixar a piada pronta, mas contentou-se com Marília, nome de cidade do interior mesmo. Amaram-se desesperadas por dois anos. Até o dia em que Málaga, mais uma vez após alguns sonhos esclarecedores, desistiu da idéia de dedos e grelos.
Aos vinte e seis retomou a questão do nome, que tinha ficado quase esquecida nos últimos tempos. Decidiu que Málaga era um bom nome, semi-único. Nome de mulher que usa pulseiras largas de madeira que fazem um barulho engraçado ao andar. E isso fez com que se sentisse cheia de uma personalidade que a preencheu por outros dois anos, anos em que honrou as pernas que o pai, idealizador do nome, havia lhe concedido generosamente através da genética.
Aos vinte e oito entrou em crise quando, sem mais nem menos, olhando pro esmalte que secava demorado nos dedos do pé, percebeu que não tinha feito o seu primeiro milhão antes dos trinta, que já se aproximavam. Leu tudo o que pôde de Balzac e se mexeu pra ganhar dinheiro. De gerente de marketing para a América Latina a idealizadora de arte facial num bufê infantil, Málaga tinha à mão workaholics que gritavam até saltar a veia do pescoço e crianças que pediam de borboletas a ornitorrincos.
Com trinta completos e o milhão ainda distante, mandou Balzac tomar no cu. Dizendo assim mesmo, com a boca cheia e sem pormenores. Viu-se às voltas com o prazer não-sexual (agora cultural), mas também se viu precocemente velha, a ponto de não poder ter o luxo de renunciar ao sexo - postura que, olhando para trás, considerava ridícula de tão hippie. Tendo finalmente conhecido a cidade que leva seu nome (e não o contrário), Málaga tinha quase o mesmo corpo de outros tempos, não fossem os peitos alguns pares de centímetros mais abaixo. E isso a incomodava de uma maneira fora do normal.
Tendo perdido parte da paciência e portando trinta e dois anos de idade, Málaga desistiu. Além da carreira profissional, decidiu seguir secretamente o ofício de adesivo de orelhão. Imprimiu setecentos deles usando todos aqueles nomes que já tinha cogitado na adolescência. Recebia ligações variadas, fazia orçamentos camaradas falando em tom provocativo e agendava horários em locais fictícios. Percebeu que Filadélfia não faz o menor sucesso, sem sombra de dúvida.
Trinta e quatro bateram à porta e Málaga decidiu que precisava porque precisava se casar. E casou. O relógio biológico a encurralou e ela espera, com uma felicidade estranha, uma menina. Pensa em nomeá-la Málaga Júnior, que considera espirituoso até não poder mais, mas acha muita sacanagem. Imagina que se divorciará dentro de dois anos, mas, fazendo uma forcinha, espera agüentar até perto dos quarenta.
quinta-feira, 8 de março de 2007
em homenagem às mulheres
porque não há nada mais digno do que usar saias neste calor.
e a nova pegada beta é esta: tardando sem falhar.
e a nova pegada beta é esta: tardando sem falhar.
quinta-feira, 15 de fevereiro de 2007
sem template nem nada
eu sempre quis ter um gato. pura mentira. mas a partir do momento que decidi que queria um, passou a ser "desde sempre". e, então, desde sempre eu achei que tinha de ser caetano. não porque veloso nem porque são, como já disse em um blog de outrora. porque meu gato ia ter cara de caetano e pronto. mas na verdade mesmo eu queria um par: carmen e caetano. carmen não porque miranda, mas porque poesia. em latim, se não me engano. viadice de quem faz letras - com todo respeito, claro. agora tenho um caetano laranja, coisa mais rica. só não tenho carmen por falta de espaço hábil.
nunca tinha tido animais de estimação antes. até porque, quando tinha acho que uns três anos - e essa é uma daquelas histórias que se ouve e que são atribuídas a você, mas de que não se tem muita certeza - apertei um pintinho até fazer pular os olhinhos do bicho. mamãe tinha comprado um pra cada filho e, depois desse ocorrido, os outros dois remanescentes sumiram sem maiores explicações, pra não dar chances às minhas tendências psicóticas infantis. até porque no meu tempo não tinha dda nem remédio para tanto. mesmo que o "meu tempo" seja bem recente até.
dezoito anos depois, junto com caetano, veio também globeleza. caetano mora comigo, globeleza mora com meu pai e minha mãe. é uma cã linda e enxerida que só. adora salame, sempre bom lembrar. enquanto caetano sempre tenta roubar um pedacinho de presunto, o pilantra.
e eu gosto de escrever, também desde sempre e também meio mentira. mezzo verdade, mezzo calabresa. apaguei o outro depois de séculos, encerrando um ciclo semi-contínuo de, sei lá, seis anos dessa brincadeira virtual. deu faniquito e fiz uma faxina no meu mundo virtual, e nessa brincadeira foi-se o blog. sem salvar nem nada. porque desapegado e troglodita são as palavras do momento. aí eu estava tirando cocô da caixinha e me deu vontade de escrever de novo.
não garanto atualizações, não garanto textos impagáveis e imperdíveis, não garanto nada. mas quem quiser passar e tomar um café, sinta-se à vontade. porque de-tes-to tomar café sozinho. além de não jogar lixo nem bituca de cigarro no chão, e de não suportar gente que não entende a mensagem "mantenha-se à direita, deixe a esquerda livre para circulação". por enquanto acho que vale. me desejem sorte.
nunca tinha tido animais de estimação antes. até porque, quando tinha acho que uns três anos - e essa é uma daquelas histórias que se ouve e que são atribuídas a você, mas de que não se tem muita certeza - apertei um pintinho até fazer pular os olhinhos do bicho. mamãe tinha comprado um pra cada filho e, depois desse ocorrido, os outros dois remanescentes sumiram sem maiores explicações, pra não dar chances às minhas tendências psicóticas infantis. até porque no meu tempo não tinha dda nem remédio para tanto. mesmo que o "meu tempo" seja bem recente até.
dezoito anos depois, junto com caetano, veio também globeleza. caetano mora comigo, globeleza mora com meu pai e minha mãe. é uma cã linda e enxerida que só. adora salame, sempre bom lembrar. enquanto caetano sempre tenta roubar um pedacinho de presunto, o pilantra.
e eu gosto de escrever, também desde sempre e também meio mentira. mezzo verdade, mezzo calabresa. apaguei o outro depois de séculos, encerrando um ciclo semi-contínuo de, sei lá, seis anos dessa brincadeira virtual. deu faniquito e fiz uma faxina no meu mundo virtual, e nessa brincadeira foi-se o blog. sem salvar nem nada. porque desapegado e troglodita são as palavras do momento. aí eu estava tirando cocô da caixinha e me deu vontade de escrever de novo.
não garanto atualizações, não garanto textos impagáveis e imperdíveis, não garanto nada. mas quem quiser passar e tomar um café, sinta-se à vontade. porque de-tes-to tomar café sozinho. além de não jogar lixo nem bituca de cigarro no chão, e de não suportar gente que não entende a mensagem "mantenha-se à direita, deixe a esquerda livre para circulação". por enquanto acho que vale. me desejem sorte.
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