quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

a farinha e a tainha aka
blablablá de hollywood aka
não se deixe enganar pelas comédias românticas

não sou nenhum crítico nem grande entendedor de cinema, nunca é demais ressaltar. e tava aqui assistindo "la graine e le mulet", que em português ficou "o segredo do grão". gostei da sinceridade do filme, da questão dos árabes, da frança cada vez menos francesa, da tensão do enredo, do retrato familiar e tudo mais. mas duas coisas me chamaram mais a atenção.

primeiro é a naturalidade. cinema, grosso modo, é uma espécie de mímese da realidade cheia de licenças poéticas. e nesse filme -- talvez por não ser um franco-árabe de carteirinha e, por isso, não distinguir as minúcias -- as atuações e o retrato me pareceram bem fluidos, fiéis. e digo isso porque andei vendo alguns brasileiros que poderiam ser bem legais, mas tropeçam justamente nisso. onde já se viu um ator dizendo "isto é uma barbaridade"? o isto fica tão pesado e tão artificial que destrói o filme, assim como a fala muito articulada, muito correta, muito preposicionada. acaba com a verossimilhança do filme. e olha que ela tem uma amplitude bem grandinha, que permite recursos a perder de vista que podem até permitir uma fala correta, se houver contexto que sustente.

outra coisa é o fim. não é nenhuma novidade, os franceses têm esse hábito: o fim deles normalmente não é um fim acabado, arrematadinho. "caché" que o diga. mas o ranço hollywoodiano que sempre quer colocar tudo perfeitinho, correspondendo a todas as expectativas mais românticas dos espectadores mais medianos, deixa o incômodo pairando no ar. eles, os americanos, gostam das coisas assim, delimitadas. eu também gosto. mas o cinema precisa, a meu ver, entreter ou plantar algum questionamento que seja na sua cabeça. ara, eles não conseguem nem acabar com guantánamo e ficam com essa falsa realidade colorida, cheia de fins perfeitos, peripécias calculadas e gente impecavelmente bonita. o resultado são anos de análise pro público e sabe-se lá mais o quê.

porque, ao que tudo indica, a vida é assim: o fim (físico, pelo menos) só chega com a morte. até lá, não adianta querer ficar vivendo de beverly hills.

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da questão de títulos, saiu essa tira do liniers na folha de ontem:


tem toooodas as setenta e seis palavras da língua portuguesa

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