terça-feira, 30 de março de 2010

tabela nutricional aka
corriqueirices aka
para quem precisa

cansei de ter que cuidar de me alimentar várias vezes ao dia. pensa: se você for seguir as orientações dos nutricionistas, deve comer a cada três horas. e se você dorme as esperadas oito horas diárias (o que já não é comum e, portanto, deveria ser motivo de comemoração por si só), sobram novecentos e sessenta minutos, ou dezesseis horas, num total de cinco refeições pra lidar. sendo assim, começa-se com um café da manhã, que precisa ser a mais reforçada das parcelas. faz torrada, passa geleia (sou só eu, ou ela perde um pouco do sabor sem o acento da grafia nova?), pega o queijo branco, come uma fruta, esquenta o leite, passa um café. quem sabe uns ovos mexidos se você for do tipo hoteleiro? barriga cheia e uma considerável louça. a próxima é mais fácil. algumas horas depois você come uma fruta, uma barrinha de cereal, um pedaço de bolo, uma alguma coisa no meio do caminho. até que chega o almoço. tem que ser balanceado, com folhas, legumes, porção de carboidrato, outra de proteína... e mais uma de fritura pra garantir uma alegria adiposa. o preparo? se você for dos meus -- o que significa não ser um fast chopper -- some-se cinco minutos por cebola picada, entre lágrimas e desajeitos. lavar folhas, que vem a ser a mais ingrata das atividades de que se tem notícia na cultura ocidental, cozer legumes, picar daqui, picar de lá, coordenar várias panelas ao mesmo tempo, temperos frescos, medidas impecáveis e tal. muita louça, ainda mais se houver algum cuidado com a apresentação dos pratos, porque, ara, teve tanto trabalho no preparo, que se tenha um pouco de sofisticação no consumo. este, aliás, precisa ser lento. vinte mastigadas por garfada pra que se sinta a devida saciedade, há de se comer com o aparelho que agora é digestório, o aparato visual é só estímulo, não forma de mastigação. depois desses dilemas e do sono inenarrável que dá, você faz o belisco da tarde. um misto quente, bolachinhas ou, se for do time dos mussolini, aquelas torradas mágicas que, a meu ver, não passam de bucha vegetal pra mastigar. tudo isso maquinando, claro, o jantar, sopa ou macarrão, que é sempre mais rápido, e dá pra colocar umas alcaparras pra chamar de refinado. com a mesma calma na deglutição, mas correndo porque, veja bem, você precisa dormir oito horas. isso sem mencionar o ônus de sustentar, atualizar e fazer jus à geladeira, equilibrar as cores de carnes consumidas, ter sempre os insumos mais frescos e mais saudáveis, evitar o excesso de enlatados e congelados, pegar o supermercado fora do rush, fazer feira aos domingos. depois disso tudo, a brenda chenowith ainda quer que eu use fio dental a cada escovada, que deve ocorrer impreterivelmente após cada refeição.

classe média, você perdi.

Um comentário:

flávia coelho disse...

Se entre uma refeição e outra vc resolver dar uma olhada nos blog dos amigo é atraso na certa. Vamos mudar pra uma chácara e cuidar só da comida e do sono?