quarta-feira, 23 de setembro de 2009

além de uma festa, paris também é um clichê aka
memória involuntária

sabe, nêga, eu tava aqui vendo os vídeos do dia pra fazer meu trabalho que as pessoas consideram supermoderno (mas que às vezes me dá no saco) e acabei caindo no vídeo de um patinador. viado, evidentemente, como convém aos patinadores.

aliás, tanto e tão o era que ele escolheu dançar ao som de jason mraz, i'm yours. aquela música que você colocava no seu mp3 pobrinho e que eu nem sou muito fã, porque me parece coisa de surfista em potencial que vai pra maresias e tem aquela tara idiota por comida japonesa -- sem falar no sotaque paulistano afetado e toda a mediocridade.

mas memória a gente não escolhe, certo? de repente eu tava ali, naquele parque que foge do circuito de jardins embonecados geometricamente à francesa, depois de tomar um vinho branco num café na calçada e puto da vida com a falta de liberdade de algo que a gente tinha ganhado e que deveria ser prêmio, não um monte de obrigações altamente dispensáveis.

e aí deu uma saudade boba gostosa todavida...

2 comentários:

Danielle Morais disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Danielle Morais disse...

"L'amour, ça sert à quoi ?
A nous donner d'la joie
Avec des larmes aux yeux...
C'est triste et merveilleux !"
Et c'est aussi comme ça l'amitié...
Bonitinha a canção da tal que não 'regretta' nada, né? Hehe. Mas o sr. está muito enganado se pensa que eu não vou lhe chamar de 'fila da puuuaata!!!!!' por ter me feito chorar em pleno expediente.

Durante nossa viagem, caríssimo Coração Gelago, nada - absolutamente nada- foi convencional, nem mesmo o que a gente gostaria que tivesse sido. Logo, não poderia ser diferente quanto a nossa trilha sonora, né messs? Ô, se é!
É, lembrança a gente não escolhe, você tem toda razão! E é dessa multimistura composta de momentos+lembranças+saudades que eu tenho me alimentado desde o nosso 'séjour' em Paris. Eu, que já era por demais saudosista, confesso-lhe, aqui, em tom de segredo contado em mesa de bar, que já não consigo mais me lembrar de como eu era antes daquele roteiro de filme que começou numa madrugada às claras, em que eu escrevi o tal Slam "Ridicule, comme toute les lettres d'amour", e terminou no Aeroporto Charles de Gaulle II, onde eu me vi sem vocês e tive de voltar a conjulgar os verbos na 1ª pessoa do singular, não mais na do plural, juntei minhas últimas moedinhas de euro, comprei o que deu no Mc DonÔ e escrevi no "Cahier de Sophie: recettes à écrire", que eu 'achettei' contigo, algumas das memórias mais fabulosas de toda a minha vida. Nessas memórias, chouchou, havia sempre nomes, rotos, cheiros, gostos e imagens que se repetiam. Havia algo (alguém), todavia, me parecia sempre mais familiar, sempre mais afim aos meus pensamentos (sobretudo aos piores pensamentos, que também são os melhores), sempre mais agradável. Foi, portanto, durante aquelas horas que se passaram devagar enquanto eu esperava o avião que entendi que talvez não seja coincidência o fato de o meu nome ser o feminino do seu nome, e mais, que os nossos nomes, quando pronunciados 'en français', não têm diferença nenhuma. Sabe por quê, mon chéri? Porque você querendo ou não, somos farinha do mesmo saco e vamos, sim, nos encontrar no 5º andar do inferno, que é o mais badalado. Portanto, nem pense que ter arrastado minhas malas pelas ruas e escadas de Paris vai livrá-lo desse destino, vice?!
As inúmeras gargalhadas à custa das pérolas do Yure, a intolerância à caravana de Itaquera, o alcoolismo, os apelidos que pusemos em quase todo mundo, a piadinha com o carro da noiva de pink, o humor negro, as maliciosas interpretações, as milhares frases de suplo sentido ('nega, me passa a manteiga', 'o coocke alivia'), os palavrões, enfim, tudo isso que eu, apesar de ser uma 'louca desmemoriada' (lembra?), nunca esquecerei, ainda que eu viva muito mais do que os meus hábitos nada saudáveis me levam a supor que eu viverei.
Preste atenção agora, porque eu lhe farei um declaração de amor:
EU SEREI SEMPRE AQUELA QUE ESTARÁ DISPOSTA A TOMAR O ÚLTIMO COPO DE QUALQUER COISA QUE CONTENHA ÁLCOOL COM VOCÊ, AINDA QUE SEJA NUM BOTECO PARISIENSE, AO SOM DE TERRA SAMBA.

Você é o tipo de pessoa de quem a gente se lembra o resto da vida, até no leito de morte... e quando lembra, dá um sorriso.