quarta-feira, 30 de setembro de 2009

ler, escrever, gostar aka
descascando o pepino letrado

eu nunca soube, por exemplo, que você tinha morado na bahia. e isso não tem nada a ver com você mesmo, aquela imagem da camiseta do olodum cortada nas mangas, na gola e em qualquer outra extremidade. tererê no cabelo então, pfff. mas enfim, quero aproveitar o gancho das letras e da revisão e coisa e tal.

letras é bonitinho na teoria, tem até um certo pequeno hype de pessoas desinteressadas que não precisam de uma faculdade pra nenhum fim prático, mas aproveitam a pecha praticamente inútil de poder citar ou achar que são verdadeiros connaisseurs da "literatura inglesa", da "literatura brasileira", yadda yadda yadda.

o problema é que por maior que seja o seu amor pela leitura, a partir do momento que você estuda, a fruição desinteressada vai embora. tudo passa a ser sistematizado, relacionado, explicado demais... o amor passa a ser crítico. e se você não tem essa pegada, meu amigo, cabô.

as leituras até então desprezadas você aprende a valorizar, mas praticamente não tem com quem dividir isso e vive eternamente preso no século xix. a escrita, então, nem se fala. vira uma tarefa hercúlea, incansável e jamais satisfatória.

e você acaba na busca eterna de um diploma sem lembranças, já que as pessoas acham legal, mas não te empregam em nada que não seja relacionado a professorinha, secretariazinha, revisãozinha. bobagenzinhas que dão no saco de qualquer ser humano.

no fim, você vira um repositório de dúvidas da língua materna de todo mundo, sobre assuntos que você não aprende na faculdade e que todo mundo deveria ter aprendido nos tantos anos de ensino obrigatório.

2 comentários:

Marina Pavelosk Migliacci disse...

compartilho com vc todas as palvras e vírgulas, principalmente as vírgulas.
é exatamente o que eu sinto nesses meus últimos meses de século XIX.

flávia coelho disse...

Hum, um tanto de amargura nesse final de trajeto?
Amoreco esses pobremas não são exclusividade das letras, as artes também estão aí incluídas. Diferentes nos detalhes, iguais na essência. Quem não é senhor de sua arte e trabalha para outros em funções que subaproveitam os talentos, não é valorizado nem feliz. Quem faz o que gosta e como gosta mas não ganha $$$$$$, não é respeitado e está parcialmente satisfeito.
Pior que tirar dúvidas sobre português, inglês ou francês é conversar sobre a atuação da Taís Araújo. Como se diz? ossos do ofício.
O mundo é um moinho.