segunda-feira, 10 de maio de 2010

a life less ordinary aka
teclado novo com barra inacessível = menos títulos

engraçado que esses dias eu ando com um fôlego bom. leve, até. repare: leve vírgula até, e não leve até. porque o drama e o desespero inerentes não permitem que se seja (eu, pelo menos) leve pacas.

o motivo é sabido. passaram-se dez dias e eu estou praticamente a ver navios profissionais. o "mercado" em que eu supostamente me insiro está um pouco desaquecido. ou pelo menos os clientes pra quem eu presto serviço com meus dedos e cérebro há alguns meses não estão tão precisados dos meus préstimos como eles mesmos me fizeram acreditar nos últimos meses. não é o fim do mundo, pelo menos não quando a neurose se afasta e a moça obcecada que mora dentro de mim dá uma trégua, ou quando já se tem algo arquitetado que vai salvar os próximos meses.

coisa de gente grande ou de puta falar assim, de clientes? no meu caso, nem um nem outro. é só o que é mesmo, sem a pecha de trabalhador de vida super movimentada e várias reuniões e bocas profissionais a alimentar e zelar. sem essa supervalorização do cliente, até porque não sou bem eu quem lido com eles, graças à inaptidão para a extroversão.

enfim, isso significa que eu, com um pezinho no workaholic e, ao mesmo tempo, filosoficamente avesso a isso (apesar da ganância prevalecer), estou com algum tempo. e algum, em terra de nenhum, é um verdadeiro luxo. ou, pra ser mais honesto, tal e qual um trabalhador da indústria que só faz apertar parafusos e, depois de trinta anos de serviço, se aposenta com a cabeça também parafusada e descobre que não sabe preencher seu tempo, aquele que sempre foi tão reclamado.

três horas, por exemplo, em que se enche de uma esperança de poder fazer tudo e, no afã da organização e da onipotência, acabar fazendo nada. não sei. pode parecer pueril, pode parecer desavisado, pode parecer até mesmo deslumbrado. mas nessas circunstâncias bem medianas, acaba tendo mais ou menos o mesmo efeito de viagens solitárias por países desconhecidos, aquelas em que, puro clichê, as pessoas se descobrem. o máximo da mediocrização trabalhística, que acaba estragando até o maior dos chavões do romantismo que a gente carrega, queira ou não.

isso não poderia ser mais incongruente: como é que pode vender seu tempo pra funcionar como mão de obra remunerada, se você mesmo não conhece bem o tal? mas pior mesmo é questionar, questionar, questionar e permanecer no status quo. percebe que bosta?

[desculpa aí, mas acontece que eu adoro ficar tendo essas discussões de luta de classe, apesar de morrer de preguiça de certos vieses mais óbvios a que normalmente se chega]

3 comentários:

Ro7 disse...

tem uma pilha de roupa pra lavar, topa?

hahahaha

flávia coelho disse...

Oi meu amor, vamos aproveitar essa leseira (é assim?). Que tal quarta-feira (12/05) a tarde? Posso te dar umas dicas pra passar o tempo. Beijoooo

ThalitaB, modelo! disse...

acho que eh um dos meus textos favoritos! =) Alem do mais, sempre te quis "folgado". Mto novinho, coitado!