quinta-feira, 15 de abril de 2010

amigos famosos aka
como chegar à elke maravilha em 5 parágrafos aka
tentando exclusividade

um desses finais de semana aí estive na casa dos meus pais e passeei pela coleção de cds, que sempre foi mais do meu irmão do que minha. responsável pela organização milimétrica em ordem alfabética, ele era o hitler dos cds e me fazia repor as caixinhas dele que estavam com os dentes quebrados, fosse culpa minha ou não. coisas de irmão.

é engraçado ter esses contatos assim, com uma tecnologia que está morrendo. lembro de quanto dinheiro já foi gasto com isso, de como era sinal de status ter um gravador de cd e de como eu era feliz com meus álbuns, sempre acompanhado do discman, que precisava ser mantido imóvel pra não atrapalhar a música. num tempo (que nem faz tanto tempo assim) em que ipod não era realidade.

aí, vendo a discografia completa do pato fu até uma determinada época, me lembrei de como eu gostava deles. ainda tenho alguma simpatia, mas não todo aquele fôlego. acabei chegando nessa música, que foi a minha porta de entrada pra música deles. a fernanda takai (que esteve no ensaio de ontem) dizia que era sobre as idas e vindas da vida dela, que sempre mudou muito de cidade por conta do trabalho do pai.

a partir disso, por conta dessa aproximação de realidades que, na minha cabeça, queria dizer muita coisa, a gente virou amigos -- também na minha cabeça, mas sem configurar esquizofrenia. éramos os dois meio que forasteiros, deixando algumas coisas pra trás. vida, amigos, hábitos, colégios, cidades. o meu roteiro nem foi tão grande assim e hoje eu até agradeço por isso tudo. pensa bem, pelo menos não virei personagem exclusivo de um único microcosmo interiorano, que vem a ser das coisas mais sufocantes no meu ponto de vista. mais tarde descobriríamos também o gosto pela nara leão, um bom tanto de afinidades.

outra que caberia pra ser nossa amiga é a elke maravilha. que me assustava, na época, mas hoje dá pra entender melhor. ela é uma mulher inteligente escondida por trás daquele monte de exuberâncias. perucas das mais diversas, anéis de cabeça de passarinho, batom a não mais poder... aquilo que se chamaria de visual um pouco carregado. e o dado mais peculiar: ela é apátrida. ela tem um documento oficial que a reconhece como sendo de terra nenhuma.

aliás, quando elke maravilha esteve numa das cidades onde moramos, passou pelo banco onde meu pai trabalhou a vida toda e foi aquele parlatório. pode ser exagero da minha memória, mas meu pai ganhou um beijo dela na bochecha, o que corresponde quase a receber um beijo de batom dado pelo mick jagger ou pelo steven tyler: a marca vai mais ou menos do lóbulo até a nuca, fazendo o caminho mais comprido.

enfim, um bom grupo: o filho do gerente do banco, uma cantora e uma ex-modelo exuberante e apátrida que fala várias línguas.

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